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Oficinando em Rede

O programa Oficinando em Rede de Mossoró articula projetos de extensão, pesquisa e ensino, em parceria com as comunidades e os serviços de saúde mental de Mossoró RN e cidades circunvizinhas. O denominador comum desses projetos é a experimentação de diferentes linguagens – pintura, teatro, cirandas, brincadeiras e tecnologias da informação e da comunicação no campo da saúde mental, em ambientes que atendem crianças, jovens e adultos que vivem em diferentes circunstâncias de sofrimento psíquico. Os projetos são tecidos em perspectiva transdisciplinar e já acontecem em ambientes de saúde mental de nossas comunidades tão fragilizadas no sentido do cuidado com a dimensão subjetiva que sustenta o viver humano.

As especificidades de cada linguagem / tecnologia e as particularidades do contexto em que opera determinam as diferenças entre os projetos aqui propostos à diferentes comunidades, artistas, clientes que conosco fazem a experiência. Mas podemos considerar como princípio metodológico que lhes é comum, o engajamento dos seus participantes na construção da proposta, colocando as artes e as tecnologias de informação e comunicação, a serviço de uma enunciação própria desses sujeitos, fazendo-os protagonistas na tessitura de redes que as múltiplas linguagens vêm favorecer. Tal princípio de um trabalho coletivo coaduna com os princípios e diretrizes da política nacional de saúde mental em vigência até o ano de 2016, com as mudanças em termo de estruturas de atendimento que se tornam presentes no social.

Paulo Freire nos acompanha na aprendizagem que com ele realizamos diretamente que indica que educação – aqui saúde mental – fazemos com os sujeitos e não para os sujeitos. Nise da Silveira nos orienta com sua obra, aqui destacamos o afeto catalisador que está no centro de nossas práticas. Humberto Maturana e Francisco Varela nos inspiram a pensar sobre a potência das formas de linguajar que produzem a experiência humana e as possibilidades de seguirmos atualizando modos de conservar o viver que queremos; Gilbert Simondon, com seus estudos sobre os modos de devir humanos agindo sobre nós mesmos na busca de soluções para o que nos aflige a cada instante, com destaque para os trabalhos sobre a individuação humana e a individualização dos objetos técnicos na composição deste conjunto constituído pelo pensamento humano, as tecnologias e as sociedades. Mais recentemente, Vitor Pordeus, Ray Lima, Junio Santos, Vera Dantas tecem redes e trabalhos inovadores em nosso país. Teatro, como método na promoção da saúde mental aprendemos com estes brilhantes atores e educadores populares em saúde. Vitor Pordeus dá seguimento ao trablho da mais importante mestra da saúde mental brasileira, Nise da Silveira e estamos nos dedicando a aprender com a belíssima e necessária experiência que Vitor coordena no Rio de Janeiro.

Seguimos neste fazer da construção de práticas de cuidado, com rigor e amorosidade necessários nesta busca de sustentação do viver.

Enquanto Programa de Extensão Universitária, o fazer envolve a articulação com ensino e pesquisa e uma implicação do fazer universitário com as necessidades mais prementes de nossas comunidades do semiárido nordestino, onde os serviços em saúde mental necessitam urgentemente de apoio e qualificação. Cada bolsista desenvolve ações semanais em um Centro de Atenção Psicossocial, produz e implementa um projeto individual e/ou coletivo de pesquisa e realiza processos de formação de profissionais em saúde mental, atividade esta que culmina na realização de um Evento anual, a Jornada de Estudos do programa Oficinando em rede. Deste modo, construímos um fazer universitário em sintonia com as questões colocadas nas comunidades onde estamos inseridos.

2 de fevereiro de 2015. Visualizações: 2388. Última modificação: 24/02/2019 11:32:28